18.12.2019 - 14h25
Prof. Dr. Gildo Magalhães dos Santos Filho
Em O poço do visconde, com o subtítulo 'Geologia para as crianças', Monteiro Lobato apresenta de forma excepcionalmente didática na parte inicial do livro noções de geologia geral que continuam, em boa parte, válidas hoje em dia. A formação do petróleo e a ideia de seu aproveitamento energético são expostas num contexto de base para o desenvolvimento econômico de uma nação, em meio a um enredo que se torna ficcional ao mesmo tempo em que inserido num contexto histórico de muita verossimilhança. Apesar da descrença na ocorrência petrolífera em território brasileiro na época em que foi escrita a obra, durante a década de 1930, Lobato foi arauto teórico e prático da pesquisa de petróleo no Brasil, como recorda Kátia Chiaradia. Ao ministrar a disciplina de graduação de História da Ciência para o Instituto de Geociências, este livro infantil tem sido lido e discutido, com alguns resultados interessantes, apesar de parecer inadequado usar uma obra infantil em um curso de ciência da natureza. Uma conclusão que logo se impõe é que as gerações atuais conhecem a obra infantil de Monteiro Lobato principalmente através das versões pasteurizadas e inócuas da televisão e se espantam com o conteúdo da leitura do original. E não deixa de ser preocupante que tenham tido que esperar chegar num curso universitário para conhecer um projeto de nação desenhado pelo escritor que, talvez mais do que em O escândalo de petróleo e do ferro, tocou fundo em questões que ainda hoje são capitais para a economia política de um país como o nosso.
In der Erzählung O poço do visconde [Der Brunnen des Vicomte], die den Untertitel 'Geologie für Kinder' trägt, präsentiert Monteiro Lobato zum Auftakt des Buches in außergewöhnlich didaktischer Manier Fakten der allgemeinen Geologie, die, zum Großteil, bis heute anerkannt sind. Die Entstehung von Erdöl und das Konzept seines Nutzens zur Energiegewinnung werden im Kontext der Grundlagen zur wirtschaftlichen Entwicklung eines Staates erläutert, der seinerseits in einer fiktionalen Erzählung eingebettet ist, welche wiederum sich innerhalb eines historischen und wirklichkeitsnahen Kontexts abspielt. Obgleich die das Werks eährend der 1930er Jahre entstand, als die Ölvorkommnisse auf brasilianischem Territorium immer seltener wurden, so war Lobato, wie Kátia Chiradia festhält, auf theoretischem wie auch auf praktischem Gebiet eine treibende Kraft hinter Brasiliens Unternehmungen auf der Suche nach Öl. Am Institut für Geowissenschaften gehört dieses Kinderbuch zur Lektüre des Kurses über Geschichte der Wissenschaft, was zu interessanten Ergebnissen in den Diskussionen führt, wenn es auch unangemessen scheinen mag, ein Kinderbuch für den Hochschulunterricht in Naturwissenschaften zu verwenden. Unmittelbar kommt man dabei zu dem Schluss, dass die Generationen, die Monteiro Lobatos Werk für Kinder kennen, ihre Kenntnisse zum größten Teil aus den keimfreien und für das Fernsehen aufbereiteten Formaten ziehen, was das Erstaunen beim Lesen des Originals erklären mag. Bedenklich ist zudem die Tatsache, dass sie erst an einer Universität erfahren mussten, wie ein Projekt nationalen Ausmaßes von dem Schriftsteller konzipiert wurde, dem es mit seinem Werk, das in diesem Sinne vielleicht noch vor O escândalo de petróleo e do ferro zu nennen ist, gelang, Fragen auf den Grund zu gehen, die noch heute von kapitaler Bedeutung für die Wirtschaftspolitik eines Landes wie dem unseren sind.