Entrevista com Isabel Lopes Coelho, Gerente Editorial de Projetos Especiais e Literatura/Paradidáticos – Editora FTD

Entrevista com Isabel Lopes Coelho, Gerente Editorial de Projetos Especiais e Literatura/Paradidáticos – Editora FTD, concedida a Silvio Tamaso D’Onofrio. Em São Paulo, 7 out. 2020.

(Silvio D’Onofrio) Sra. Isabel, a sra. teve contato com a obra infantojuvenil de Monteiro Lobato em sua infância, em sua juventude? Leu os livros do Sítio do Pica-Pau Amarelo?

Isabel Lopes Coelho: Meu contato com a obra de Monteiro Lobato na infância se deu de maneira híbrida: eu tinha à disposição na minha casa a coleção completa das obras, que eram da minha mãe quando ela era menina. Imagine a sorte! Lembro de ler um ou outro livro, não exatamente a coleção completa – que eu só vim a conhecer em sua totalidade quando adulta. Além das obras impressas, eu também tinha contato com o programa de televisão, que proporcionava uma outra experiência de contato com o mundo lobatiano.

(SD) A sra. alguma vez achou incômodas as colocações, o jeito das histórias, como era retratada a Nastácia, por exemplo? Na sua opinião, essas construções de Monteiro Lobato, em sua obra infantojuvenil, foram construídas com sarcasmo, ou mesmo maldade, ou foram fruto da criação de alguém que sabia que se comunicava com um leitorado jovem e por isso se utilizou de liberdade criativa e de expressão – o que talvez tenha dado margem a dúvidas. Como a sra. interpreta isso?

Isabel Lopes Coelho: Como leitora adulta e consciente, as colocações hoje consideradas polêmicas na obra de Lobato colocam um ponto de atenção na leitura. Um incômodo que nos faz refletir sobre o significado do posicionamento do autor, da obra e do contexto histórico. Porém, acredito que o distanciamento histórico não nos permite afirmar se o autor tinha alguma motivação pessoal em tais considerações. Mas, o que me parece mais eficiente é podermos, hoje, discutir a questão à luz do nosso conhecimento da história, da literatura, da nossa realidade social, pensando nos leitores da geração atual e na necessária mediação que o tema requer, garantindo a valorização de uma obra tão importante para a nossa cultura.

 

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