Entrevista com Mell Brites. Concedida a Silvio Tamaso D’Onofrio. Em São Paulo, 4 dez. 2020.
(Silvio D’Onofrio) Sra. Mell, a sra. teve contato com a obra infantojuvenil de Monteiro Lobato em sua infância, em sua juventude? Leu os livros do Sítio do Pica-Pau Amarelo?
Mell Brites: Sim, lembro de ler quando criança Reinações de Narizinho, Emília no país da gramática, Geografia de dona Benta, entre outros títulos.
(SD) A sra. alguma vez achou incômodas as colocações, o jeito das histórias, como era retratada a Nastácia, por exemplo? Na sua opinião, essas construções de Monteiro Lobato, em sua obra infantojuvenil, foram construídas com sarcasmo, ou mesmo maldade, ou foram fruto da criação de alguém que sabia que se comunicava com um leitorado jovem e por isso se utilizou de liberdade criativa e de expressão – o que talvez tenha dado margem a dúvidas. Como a sra. interpreta isso?
Mell Brites: O que vemos na obra do Lobato é resultado de um contexto histórico e do racismo estrutural do país que, felizmente, tanto vem sendo discutido e combatido atualmente. Esse tema é urgente e me parece que é tarefa de todos olhar com cuidado e responsabilidade para essas questões em sua produção.